Cecília Rocha
Cecília Rocha nasceu no dia 21 de maio de 1919 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, um ano após o armistício de paz da 1ª Grande Guerra Mundial, e um dia depois da data em que se comemora o Dia do Pedagogo, a profissão que escolheria como vocação.
Seu pai, José Rocha, mineiro de Sete Lagoas, era comerciante, e sua mãe, Carmem Rocha, gaúcha da cidade de Jaguarão, de prendas domésticas. Cecília foi a primogênita de um grupo de cinco irmãos.
Seu pai costumava reunir os filhos no quarto de dormir à noite, para contar histórias e casos de Minas Gerais, sua terra natal. Para Cecília esses eram momentos muito ricos, cheios de magia e tornaram-se inesquecíveis em sua memória, marcando para sempre seu gosto por conhecer pessoas, fatos, histórias e lugares;
Sua mãe, dona Carmem, tinha o hábito de ler em voz alta as notícias do jornal para seu marido, enfatizando as notícias com uma leitura dramatizada. Nessas ocasiões, Cecília se acomodava de forma que pudesse ouvir e observar as expressões da mãe durante a leitura. Ela deliciava-se com essas cenas familiares e imaginava os fatos narrados como se estivessem acontecendo. Sua imaginação infantil dava forma, colorido e vida aos acontecimentos que ela visualizava, saciando, assim, sua curiosidade natural em conhecer o mundo e seus mistérios.
Seu pai desencarnou aos 48 anos, quando Cecília era adolescente e sua mãe desencarnou aos 74 anos, amparada pelos filhos Alberto e Cecília.
Em Porto Alegre, concluiu o ensino fundamental, seguido do curso secundário de magistério e o de pedagogia, com especialização em administração escolar. Exerceu o magistério de escolas de ensino fundamental, públicas e particulares, no interior e na capital do Rio Grande Sul, até a sua aposentadoria, após mais de trinta anos dedicados à profissão.
No ano de 1957, Cecília Rocha já estava em plena atividade no movimento espírita do seu Estado, atuando como evangelizadora. Nesse mesmo ano, passou a dirigir a escola primária Instituto Espírita Amigo Germano, voltado à alfabetização de crianças carentes. Em 1958, participou da Confraternização de Mocidades Espíritas do Norte e Nordeste do Brasil, ocorrida em Teresina (PI), oportunidade em que conheceu Divaldo Pereira Franco, a quem dedicou amizade até o final dos seus dias no plano físico.
Em 1960, Cecília transferiu residência temporária para a Mansão do Caminho, obra social-espírita, sediada em Salvador (BA), por dez meses, em atendimento ao convite que Divaldo lhe fizera de prestar orientações pedagógicas à escola primária ali existente. Nesse período, teve oportunidade de viajar pelo estado da Bahia e conhecer, de perto, o movimento espírita baiano.
Em julho de 1980, já aposentada, Cecília fixou residência em Brasília (DF), por solicitação do presidente da Federação Espírita Brasileira, Francisco Thiesen, passando a integrar a diretoria da FEB, em que exerceu os cargos de diretora (1980-1982) e de vice-presidente, de 1983 até março de 2012. Ali, por 31 anos, a nobre confreira se dedicou à organização e desenvolvimento da Área de Estudo, sobretudo no que diz respeito à implantação e aperfeiçoamento das escolas de evangelização espírita infantojuvenil e estudo doutrinário espírita de adultos, juntamente com Maria Cecília Paiva.
Cecília Rocha contribuiu na preparação de trabalhadores da Área de evangelização infantojuvenil no Brasil e em países latino-americanos. Auxiliou no aperfeiçoamento dos materiais didáticos do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), Estudo Avançado da Doutrina Espírita (EADE) e Mediunidade. Foram mais de 50 anos de dedicação ao trabalho no bem na Seara Espírita.
Em 2008, com a presença do presidente da FEB, Nestor João Masotti, dos vice-presidentes Altivo Ferreira, José Carlos da Silva Silveira e Cecília Rocha, a quem coube a abertura do evento, ela fez uma breve retrospectiva dos 25 anos de vigência do ESDE, que, em se tornando campanha nacional, transpôs as fronteiras do Brasil.
Em seguida, Cecília Rocha comentou a entrevista realizada com o Espírito Angel Aguarod sobre o "ESDE na Visão do Plano Espiritual", através de mensagem psicografada pelo dedicado médium Divaldo Pereira Franco e que foi publicada no Reformador n° 2.136, de março de 2008, páginas 86 a 89. Esse mesmo Espírito foi o inspirador da ideia, através de duas mensagens recebidas pela médium Cecília Rocha, em Reuniões de Orientação Espiritual realizadas na Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS), em 1976 e 1977:
Mensagem de 1976: “Cabe, pois, aos espíritas, responsáveis pelo Movimento Espírita, uma ampla tarefa de divulgação das obras básicas da Doutrina, promovendo um estudo sistemático, com chamada de atenção para os aspectos que estão colocados à margem, com graves prejuízos para a assimilação correta dos princípios e bases do Espiritismo e de sua missão. Recomendaríamos, portanto, o estudo de um plano amplo no sentido de esclarecer os mais responsáveis pela dinamização do Movimento Espírita, da importância do estudo, da interpretação e da vivência do Espiritismo.”
Mensagem de 1977: “Não é possível erigir um monumento doutrinário, como é o da Revelação Espírita, deixando-nos, levar, a cada dia, por ideias que sopram de todos os lados, sem direção, qual vendaval que tudo derruba na sua passagem. Estamos sendo alertados do plano Mais Alto sobre esse aspecto do nosso Movimento, pois dizem nossos superiores, se não nos fizermos vigilantes nesse sentido, em pouco tempo o Movimento Espírita, embora conservando o nome, nada terá de Espiritismo. Reiterando despretensiosa sugestão, recomendaríamos uma GRANDE CAMPANHA, para usar nomenclatura moderna, em torno da importância do estudo das obras básicas da Doutrina Espírita.”
Cecília Rocha, também, referiu-se à inserção no evento do Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita (EADE), cujo surgimento se deve ao gosto dos espíritas em estudar a Doutrina Espírita de forma sistematizada e participativa, tal qual acontece no ESDE, em que o estudo, em conjunto com várias pessoas, favorece o aprendizado, estabelecendo, ainda, sólidos laços de amizade.
Cecília Rocha foi autora e organizadora de livros infantis editados pela FEB e da obra “Pelos Caminhos da Evangelização”. No ano de 2009, a Editora da FERGS lançou a obra “A Missão e os Missionários”, de Gladis Pedersen de Oliveira, focalizando “a figura de Cecília Rocha mergulhada na ação evangelizadora de corpo e alma, isto é, de mente e coração”, resgatando “todo o seu esforço em prol da evangelização da criança e do jovem”.
A FEB prestou homenagens a Cecília Rocha durante o ano de 2012, em Seminário realizado em junho, e nas comemorações dos 35 anos da Campanha Permanente da Evangelização Espírita Infanto-juvenil, em julho. Nas duas oportunidades, Cecília não pôde comparecer em virtude de imprevistos de sua saúde. Seu retorno ao mundo espiritual aconteceu na madrugada no dia 5 de novembro de 2012, no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Santa Marta, no Distrito Federal, aos 93 anos de idade. O sepultamento ocorreu em 6 de novembro de 2012 no cemitério Campo da Esperança - Asa Sul- Brasília-DF.
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