Benedicto José de Souza Júnior

Nascido em Ouro Preto- MG, este foi o berço em que o reencarnante Benedicto Júnior nasceu no dia 17 de janeiro de 1854, filho de Benedicto José de Souza e Joaquina Maria de Jesus Souza. Aos oito anos de idade, Benedicto Júnior e sua família transferiram-se para a cidade de Santos-SP.

Aos doze anos, Benedicto Júnior perdeu sua mãe, o que lhe foi motivo de grande tristeza, mas D. Joaquina lhe deixou por patrimônio exemplos de bondade e caráter que iriam ser marcas suas para toda a vida.

Radicando-se definitivamente em Santos, nessa cidade fez todos os estudos e serviu o exército, iniciando, após, carreira como funcionário da então Recebedoria das Rendas Estaduais de Santos, onde galgou todos os postos até o de Administrador, o mais alto da repartição.

Aos 18 de abril de 1874 casou-se com aquela que seria seu esteio para toda a vida, Amélia Carolina de Andrade, com a qual teve dez filhos. Integrado à vida social e comunitária de Santos, desde cedo Benedicto Júnior revelou sua inclinação à caridade e obras de benemerência, mas sempre carregou no coração uma indizível saudade da figura materna.

Conforme relatou no Reformador de 1° de julho de 1893, a princípio ele repelia o Espiritismo, mas por insistência de um amigo, que era espírita convicto, durante um mês, no ano de 1881, fez exercícios com o fito de descobrir em si faculdades mediúnicas, sem resultado, e abandonou o trabalho. Na memorável noite de 24 de outubro, no entanto, estando só em casa, entretido com serviços profissionais, surgiu-lhe o espírito da mãe pedindo que tomasse de caneta e psicografasse uma mensagem de orientação, indicando-lhe sua missão como médium e propagador da nova doutrina no Brasil.

Em outra ocorrência mediúnica, ocorrida em 2 de fevereiro de 1882, quando já era praticante do Espiritismo, desprendeu-se seu espírito do corpo para receber esclarecimentos dos espíritos sobre uma questão do Livro dos Médiuns sobre a qual estava em dúvida.

Era época, então, de domínio clerical quase total, quando apenas homens corajosos como Benedicto Júnior poderiam enfrentar as dificuldades, para poderem praticar uma religião que lhes falasse mais ao coração e à razão do que a católica.

O Alto, por isso, tinha seu planejamento. Colocou ao lado desse pioneiro, homem probo e querido da baixada santista, outros espíritos missionários, de igual moral e de reputação ilibada. Eram eles: Maria Patrícia, negra alforriada e parteira respeitada, Teófilo de Arruda Mendes, Antônio José de Malheiros Júnior, José Bernardes de Oliveira, Celestino Silveira, Olímpio Leomil Vasconcelos, Ernesto Augusto de Azevedo, Manoel Geraldo Forjaz e Manoel Alexandre Gonçalves.

Esse grupo de pioneiros oficializou os trabalhos de estudos espíritas que já realizavam, até mesmo antes da liderança de Benedicto Júnior, criando a Sociedade Espírita Anjo da Guarda em 2 de novembro de 1883. Também com o fito de melhor organizar o trabalho assistencial volumoso que prestavam à sociedade santista, criaram, em 28 de agosto de 1895, a Associação Auxílio aos Necessitados, a mais antiga Entidade Filantrópica espírita do Brasil. No ano de 1994, após a reestruturação estatutária, refundiram-se as duas instituições que nunca interromperam suas atividades, tornando-se das mais antigas Instituições Espíritas ainda em funcionamento no Brasil. Por essa ocasião, estavam instaladas, as duas entidades, à Praça Bonifácio 42, em prédio alugado por José Bernardes de Oliveira, caridoso amigo de Benedicto Júnior e um dos fundadores da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos.

Benedicto Júnior tornou-se médium receitista homeopático respeitadíssimo em Santos, tratando tanto dos pobres, a quem assistia desveladamente, quanto dos ricos, que também o procuravam para cura de seus males.

Durante sua vida, o querido pioneiro do Espiritismo em Santos recebeu muitas homenagens públicas por sua respeitada carreira de filantropo e por ter construído uma vida de cidadão impoluto, sem manchas, de dedicação intensa ao bem de seu semelhante.

Em 22 de setembro de 1934, provocando grande comoção em Santos, realizou-se o  sepultamento de seu corpo físico, realizado no Cemitério de Paquetá, em um cortejo fúnebre acompanhado por todas as camadas sociais de população.

Fonte: Anuário Espírita de 2000.



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