Antônio Moreira Marques

Entre os heróis anônimos do Espiritismo no Nordeste encontram-se personalidades que, se pesquisássemos mais profundamente, no campo doutrinário e na prática do amor ao próximo, permitiria a elaboração de uma enciclopédia de vários volumes.

Antônio Moreira Marques seria um deles. Nasceu no dia 13 de maio de 1900, em Alvarelhos, na cidade do Porto, Portugal. Chegou ao Brasil em 1912, radicando-se em Recife, na companhia de um irmão.

Ainda muito jovem dedicou-se ao comércio, estabelecendo-se com uma mercearia no populoso bairro do Zumbi. Seu irmão era espírita e colaborador da Federação Espírita Pernambucana. Por motivos de saúde fez uma viagem a Portugal, deixando todos os seus pertences aos cuidados do Antônio Moreira, inclusive sua biblioteca de obras espíritas. Pouco tempo depois, Antônio recebia a notícia da desencarnação do seu irmão. Leu então os livros de Allan Kardec e não teve dúvidas em adotar o Espiritismo.

Em 1920, famoso médium de cura chamado José Pedro fundou nas terras de Coronel Zumbi o Centro Espírita “Joana D’Arc” que, em face da mediunidade extraordinária, regurgitava da gente, vinda de todas as partes, em busca de um lenitivo. O médium desencarnou repentinamente e a frequência caiu. Em 1936, a viúva de José Pedro, ciente da convicção de Antônio Moreira Marques, convidou-o a abrir e presidir o centro. Ele aceitou e sob sua presidência aquele centro voltou a ser a luz do bairro.

Certa vez compareceu ao centro uma senhora portadora de uma obsessão, expelindo, pela boca, coisas inexplicáveis como cabelo, arame, pregos, terra e insetos. Isso em plena rua, à vista de todos. O caso ganhou as primeiras páginas dos jornais. Depois de pesquisa feita por médicos, a paciente foi mandada embora. Suja, andrajosa, faminta, doente, desesperada, chegou ao centro, suprindo suas necessidades e iniciando um trabalho de desobsessão diário.

Com preces e passes, e a leitura diária d’O Evangelho Segundo o Espiritismo, cessaram os problemas, e ela regressou ao seio da família, no interior da Paraíba, e nunca mais se ouviu falar da mulher.

Antônio foi um grande trabalhador do Espiritismo. Com Dr. João Bezerra de Vasconcelos, seu cunhado, fundou a Liga Espírita de Pernambuco, da qual foi vice-presidente.

Retornou cedo à espiritualidade no dia 24 de agosto de 1946, em Recife, vítima de cirrose hepática, que já o atormentava desde 1929.

Deixou uma grande folha de serviços prestados como doutrinador, médium, expositor e principalmente na assistência aos necessitados.

Fonte: Anuário Espírita de 2000.



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