Abdias Antônio de Oliveira

Em 20 de setembro de 1890, no povoado de Moreno, hoje Soletânea, munícipio de Bananeiras, na Paraíba, nasceu Abdias Antônio de Oliveira, filho de Antônio Jeronimo de Oliveira e Maria Magdalena de Jesus Oliveira.

Abdias residiu em sua terra natal até o ano de 1936, onde exerceu as atividades de professor primário e de Oficial do Registro Civil. Posteriormente, mudou-se para João Pessoa, capital do estado, e aí foi lotado no quadro de funcionários do ex-Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comércios (IAPC) e passou a fazer parte, também, do quadro associativo da Federação Espírita Paraibana.

Em 1941, assumiu o cargo de Inspetor, com atribuição expressa de contatar-se com o interior de todo o estado do Rio Grande do Norte, em cuja capital fixou residência definitiva, já então como Chefe do Pessoal do antigo lAPC, a partir de 1945. Não sabemos como, quando e onde tomou conhecimento da Doutrina Espirita. Consta, porém, nos arquivos da Federação Espírita Paraibana ter ele, desde 1936, ingressado no seu quadro associativo. Em 1946, um ano depois de estar em Natal, fez-se sócio da Federação Espírita do Rio Grande do Norte, na qual, de 1948 a 1952, desempenhou as funções de Tesoureiro. Em 1952 teve acesso, até agosto, à vice-presidência e, a partir desse mês, por motivo da desencarnação de José Anselmo Alves de Souza, à presidência da federativa, cargo em que, graças à sua habilidade e acendrado amor à causa, se manteve até 1967, quando veio a desencarnar.

Na oportunidade em que lhe foi confiada a direção da Federativa estadual, o movimento espírita norte-rio-grandense atravessava uma fase deveras difícil, mas Abdias Antônio de Oliveira, personalidade serena e sensata, soube, com suficiente energia e firmeza, transpor todos os obstáculos, superar todas as dificuldades, vencer todas as barreiras, solucionando satisfatoriamente quantos problemas surgissem. Não havia situações, por mais delicadas e embaraçosas, que ele não soubesse contornar, removendo-as mesmo, com muito tato e bom senso. Assim, ante quaisquer divergências, sérias ou graves, críticas ou agudas, dava-se pressa em convocar os companheiros para uma mesa-redonda, ensejando amplos debates dos assuntos e conseguindo sempre pacificar os ânimos e chegar a um denominador comum, em termos de deliberações conciliatórias, de real interesse para os objetivos da Casa e da Causa. Em tais ocasiões, invocava, entre veemente e cordato, com humildade e sabedoria, as lembranças dos ensinamentos do Amigo Celeste, cuja vivência enfatizava e dentre os quais fazia questão de destacar, como de imperiosa necessidade, este: “Meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem."

Dono de um caráter ilibado, pautando invariavelmente seus atos pelos ensinamentos que a Doutrina Espirita nos oferece, Abdias era querido e acatado por quantos o conheciam e com ele privavam, em cujo relacionamento distinguia-se e sabia distingui-los, independente de posição social ou qualquer outra discriminação, pela nobreza de gestos e atitudes. Até mesmo os que dele discordavam em alguma coisa ficavam desarmados ante a sua mansuetude, não tendo outra alternativa senão a de reconhecerem os predicados de sua marcante personalidade.

Trabalhador de escol, couberam-lhe relevantes iniciativas à frente da Federação Espírita do Rio Grande do Norte, inclusive a criação de vários departamentos, tão necessários à formação de equipes, de todo condizentes com a natureza e finalidade das atividades já implantadas ou, então, ainda em processo de implantação.

Amigo particular de Wantuil de Freitas, presidente da Federação Espírita Brasileira, e pessoa profundamente identificada com a Casa da Ismael, deu todo o apoio ao Ato de Unificação promulgado em 5 de outubro de 1949, mais conhecido pelo nome de Pacto Áureo. Sempre que ia ao Rio de Janeiro, visitava a Federação Espírita Brasileira, participava das reuniões do Conselho Federativo Nacional e fazia-se ouvir nas sessões públicas de estudos, às terças e sextas-feiras, quando não nas domingueiras, ocupando a tribuna como convidado especial.

Pai de família exemplar, era casado com D. Corina da Oliveira, com quem teve três filhos: Elenilda, Humberto a Hamilton, todos integrados na Doutrina.

Vítima, por mais de três anos, de pertinaz moléstia que nos últimos sete meses o prendera ao leito, desencarnou na manhã do dia 13 de fevereiro de 1967, em sua residência na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte.

Profunda saudade deixou, então, aos espíritas daquele estado e de todo o Nordeste, onde era muito conhecido pela formação da sua mentalidade doutrinário-evangélica e não menos estimado pelo magnetismo contagiante que fluía da sua bondade a simpatia no trato com todos indistintamente.


Fonte:  Reformador de abril de 1967.



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