A prece é importante; a vigilância é fundamental

Tiago, em sua extraordinária epístola, ensinou-nos que a fé sem obras é morta. Tantos séculos depois, o Espiritismo veio ratificar esse ensinamento mostrando-nos o valor extraordinário das obras, do trabalho em favor dos semelhantes e da prática do amor e da caridade.

A Doutrina Espírita ensina, porém, que ao trabalho em favor do próximo é preciso aliar o estudo nobilitante e o exercício constante dos sentimentos elevados, únicos remédios para a alma que deseja regenerar-se, os quais são fortalecidos pela oração e pela vigilância, como nos propôs Jesus em sua célebre advertência: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação!”

Sobre a oração muito se tem dito e, por isso, ninguém ignora os benefícios que dela colhemos. A prece atrai bons pensamentos; a prece acalma; a prece faz luz; a prece torna o homem melhor. Temos visto, no entanto, pessoas que oram diariamente e, apesar disso, por qualquer motivo se exasperam, se irritam, se descontrolam. Eis aí a prova de quão importante é a vigilância. A prece predispõe o indivíduo a um dia mais equilibrado, mas é a vigilância que cuidará para que esse dia seja realmente equilibrado, funcionando como uma espécie de guardião que nos adverte para que façamos ou não façamos determinada coisa.

A recomendação de Jesus “Vigiai e orai” – é, pois, como tudo que vem do Alto, perfeita. A vigilância não pode jamais faltar em nossa vida, nos piores como nos melhores momentos, porque tem sido a falta dela a causa de muitos contratempos, aborrecimentos e dissabores que acometem a criatura humana. Passado o momento difícil em que a pessoa se descontrolou e ofendeu, vem o arrependimento, que é, porém, tardio, justamente porque, no momento em que se fazia necessário, o indivíduo colocou o ato de vigiar em plano secundário.

Foi motivado por problemas assim que um grupo de espíritas decidiu fundar em fevereiro último, em Londrina, a Confraria dos Espíritas Invigilantes Anônimos (CEIA), que tem por finalidade reunir com um mesmo propósito os confrades espíritas que sentem necessidade de ajustar sua prática de vida aos conhecimentos adquiridos no estudo do Evangelho e da Doutrina Espírita.

Para aderir à Confraria e fazer parte, daí por diante, de suas atividades, o interessado se compromete a cumprir algumas obrigações:

1º. Adotar, no início de cada dia, a metodologia dos Alcoólicos Anônimos (A.A.), prometendo formalmente a si mesmo observar seu voto diário. Da mesma forma que o Alcoólico Anônimo diz que “hoje não beberei cousa alguma que contenha álcool”, o membro da Confraria prometerá a si mesmo, ao iniciar cada dia, que fará ou não fará tal e tal coisa, especificando no voto a sua necessidade premente. [Exemplos: “Hoje tratarei a todos com bondade” – “Hoje não me perturbarei no trânsito” – “Hoje não me irritarei sob hipótese nenhuma”.

2º. Além de orar diariamente nos horários habituais, manter severa vigilância sobre os pensamentos, os sentimentos e os atos, subordinando-os à ideia central que motivou o voto diário.

3o. Avaliar, antes de dormir, o desempenho individual no dia que se finda, tal como ensinado por Santo Agostinho na lição constante da questão 919 de “O Livro dos Espíritos”, repassando os atos e acontecimentos do dia e formulando o desejo de não reincidir nos erros porventura cometidos.

4o. Deitar-se, com objetivo de dormir, antes das 2 horas da madrugada, de modo a assegurar sua participação, durante o sono corporal, nas atividades que os membros da Confraria realizarão na madrugada. 5o. Comparecer a pelo menos duas das três reuniões gerais que a Confraria promoverá anualmente na casa de um de seus membros. As reuniões ocorrerão na última quinta-feira dos meses de março, julho e novembro de cada ano e sua pauta incluirá obrigatoriamente um culto evangélico, seguido de depoimentos dos membros da Confraria e da confraternização final.



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