A divulgação espírita e os meios atuais de comunicação - Orson P. Carrara

A expansão do pensamento espírita se deve especialmente ao caráter lógico, racional do conteúdo da Codificação – que gerou e continua gerando desdobramentos inesgotáveis – e, claro, ao aspecto confortador que oferece na superação dos dramas humanos.

Daí o cuidado com a divulgação qualificada, planejada e continuada desses conteúdos, por iniciativas isoladas ou de grupos, de instituições, em programações e eventos que despertem ou sensibilizem a consciência humana, onde todos nos incluímos, para aproveitamento eficaz desses ensinos. Em essência, o objetivo final não é outro senão assimilar de viver o Evangelho, na exata compreensão das leis divinas, sintetizada pelo Espiritismo com larga clareza.

Comunicação, por sua vez, é transmissão ou recepção de informações, recurso essencial da divulgação. Aliás, Wallace Leal V. Rodrigues (1924-1988), notável escritor, tradutor, entre outras qualificações extraordinárias que convido o leitor a pesquisar, dá uma aula de comunicação no Prefácio (com 26 páginas) do livro Escrínio de Luz (ed. O Clarim, Chico Xavier/Emmanuel), onde passeia pela ética, adentra a felicidade e explora com muita competência a temática da Comunicação de Massa. O leitor não se enganou na leitura. O prefácio da preciosa obra (que completa 50 anos de lançamento agora em 2023), tem 26 páginas, antecedendo os magníficos capítulos.

Não é difícil imaginar que a eficiência da divulgação depende da forma como é feita, como é conduzida, dos recursos utilizados, da estratégia empregada, dos cuidados todos com o conteúdo. O que naturalmente se aplica também à divulgação espírita, que precisa ser coerente na forma e no fundo e com o detalhe de sensibilizar o leitor, ouvinte ou telespectador, a depender do recurso utilizado.

No caso da divulgação espírita, respeito, fidelidade, coerência são as palavras de ordem. Sem esquecer-se dos critérios doutrinários que garantem segurança e nitidez na informação veiculada.

Com a revolução que ocorreu e continua a ocorrer nos meios de comunicação, deixando velhos instrumentos apenas na memória de quem os conheceu, estamos continuamente na posse gradativa de novas ferramentas facilitadoras da comunicação verbal, visual, interativa e, claro, simultaneamente áudio visual e melhor, em tempo real, instantânea. Isso mudou a comunicação humana e não pode ser desprezada diante do tesouro de conteúdo doutrinário que está à nossa disposição com o conhecimento espírita.

O velho cartaz do quadro de avisos já não chama atenção, a simples postagem em redes sociais já não surte efeito e mesmo a mensagem compartilhada no chamado “zap” pode cair no esquecimento, se for esquecido um detalhe fundamental: o contato pessoal.

Lives, palestras e eventos (ao vivo ou gravados), debates, entrevistas e reportagens, pequenos vídeos chegam a muitas pessoas, na divulgação e nos convites enviados. Mas os meios de comunicação (sejam quais forem) não atingem 100% do público alvo, por razões variadas. O grande segredo é o estímulo pessoal que possamos oferecer.

Em outras palavras: a divulgação deve, claro, valer-se dos modernos meios atuais de comunicação, mas quem protagoniza tais ações precisa contar com o detalhe da mensagem individual (áudio ou texto que acompanhe a divulgação) para despertar interesse maior e curiosidade, destacar méritos ou valores da postagem, criar expectativa, motivar intensamente.

É impossível atingir 100% do público alvo, mas é possível que cada um se engaje com essa iniciativa no seu círculo de relacionamentos. Também integrar-se na iniciativa, selecionar determinado número de pessoas e despertar nelas o desejo de também participarem, seja presencialmente ou virtualmente. Muita coisa se perde pela falta de interesse, que pode ser desperto com uma ação simples de motivação individual.

Talvez você esteja se perguntando, mas como farei isso com o volume diário de mensagens? Sim, realmente. Aí entra o trabalho de seleção do que é melhor receba nosso engajamento, nossas possibilidades inclusive de tempo e a gratidão que todos devemos à Doutrina Espírita.

Os novos meios aí estão. Estudar, aprender, utilizar. Temos um tesouro nas mãos. Que atenção estamos oferecendo para que ele esteja sempre disponível com eficiência?



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