A bolsa de estudos mais valiosa

“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar.” – Jesus (João, 14:2.)

Jesus foi, como sabemos, o grande iniciador dos ensinamentos acerca da vida futura, que constituem o eixo de sua doutrina, mas coube ao Espiritismo desenvolver esses estudos e mostrar o íntimo relacionamento que existe entre o mundo espiritual e o mundo em que – quando reencarnados – vivemos.

Com o advento do Espiritismo, a alma deixou de ser uma abstração. Aprendemos que os Espíritos possuem um corpo etéreo que lhes serve de veículo; que a vida futura é a continuação da vida terrena, mas em melhores condições, observado o preceito que manda dar a cada um segundo o seu merecimento; que o mundo espiritual se encontra ao redor de nós e os que nele habitam – os seres desencarnados – influem em nossos pensamentos e atos e, de certa maneira, dirigem-nos na senda da vida com suas sugestões e seus conselhos.

Em face destas informações que nos foram trazidas pelo Espiritismo, qual o sentido da existência terrena?

Antes de mais nada, é preciso compreendamos que a vida espiritual é isenta das ilusões e das fantasias peculiares ao plano em que nos encontramos. A vida corpórea, ao contrário, apresenta-nos atrativos que constituem, bastas vezes, sérios óbices ao progresso espiritual. Assim é que a posse da riqueza pode excitar em muitas pessoas as paixões e o orgulho, e as altas posições sociais podem levar aos abusos da autoridade, concorrendo para os desastres morais que apenas mais tarde, na vida espiritual, apresentarão às pessoas sua verdadeira dimensão.

Aprimoramento constante em conhecimento e em moralidade, eis a meta assinalada para os Espíritos, para a qual a experiência corpórea constitui fator decisivo.

Allan Kardec perguntou aos Instrutores espirituais: Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

Eles responderam:

“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da Criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (O Livro dos Espíritos, 132)

Se compreendermos o mundo material como sendo uma escola e a existência corpórea como uma bolsa de estudos – em verdade, a bolsa de estudos mais valiosa –, tudo se torna mais claro. Findo o curso, o Espírito retorna ao seu verdadeiro mundo, onde revê as experiências vividas e elabora os planos para o futuro.

Tendo isso em mente, pode-se imaginar quanto de vazio representam as existências voltadas exclusivamente para os gozos materiais!

Como sabemos, há pessoas que fazem de seus dias uma permanente agitação social. Festas, jantares, jogos, prazeres de toda ordem constituem sua única preocupação. A existência terrestre se lhes afigura como um processo de curtição a que se apegam com todo o vigor, ignorando que somos Espíritos temporariamente revestidos de um corpo físico para um objetivo relevante, que tem tudo a ver com o nosso progresso espiritual e o melhoramento do mundo em que vivemos.

Os depoimentos daqueles que partiram para o Além são um alerta para nós – e devemos isso, de forma exaustiva, ao Espiritismo, que nos escancara a possibilidade do contato com os nossos mortos queridos, enquanto outros segmentos religiosos o abafam ou proíbem.

Sempre que ouvirmos alguém falar sobre a vida futura que nos aguarda além-túmulo, lembremo-nos da conhecida Parábola dos Talentos, narrada por Jesus, que nos ensina que Deus pedirá estrita conta da aplicação dada por nós aos recursos que nos foram prodigalizados na romagem terrena, quando, então, muitos dos que agora riem chorarão e lamentarão amargamente as oportunidades perdidas.



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