República para idosos traz nova vertente de trabalho na casa espírita

Seguindo os preceitos de Allan Kardec, na assistência ao idoso, o Centro Espírita de Caridade Dr. Luiz Monteiro de Barros, localizado em Santos (SP), montou a república para idosos Dr. Roberto Brólio. A casa visa atender idosos com autonomia, de forma humanizada e seguindo o lema da caridade proposto na codificação espírita. O atual presidente do centro espírita, Dr. José Nilson Nunes Freire, fala-nos sobre a instalação e funcionamento da república.

Como surgiu a ideia de estabelecer esta república para idosos?

- Em Santos, esta república particular é a pioneira. Já existem três que são geridas pela prefeitura municipal e vale lembrar que esta é a primeira espírita. O funcionamento é diferente de uma casa de longa permanência ou asilo, porque aqui os idosos devem ter autonomia, acima de 60 anos e, por lei, não ganhar mais que dois salários mínimos.  Não temos um grupo grande, no nosso caso cabem 22 pessoas, sem distinção de sexo. Claro que pode-se fazer outras repúblicas com menos moradores, dependendo do que o local comporta.  Esta república é mantida pelo Centro Espírita e de Caridade Dr. Luiz Monteiro de Barros, que fornece as refeições, há o apoio de cozinheira, assistente social e psicólogas, além de reuniões semanais onde os idosos são ativos participantes do estatuto.  Vale lembrar que eles possuem a liberdade de entrar e sair, pois têm autonomia para tal, além de receber visitas.

A república recebeu seu nome em homenagem ao Dr. Roberto Brólio. Qual o motivo?

- Pela ligação dele com o movimento médico-espírita. Ele foi um dos fundadores da Associação Médico-Espírita de São Paulo e ativo participante da divulgação do movimento Espírita.

É fácil a manutenção desta república? É um modelo replicável em outras cidades?

- Sim. Não é cara a manutenção.  Cada idoso contribui com 10% do valor de um salário mínimo, sempre participando e sugerindo algumas ideias para a casa. A legislação municipal também favorece este empreendimento de maneira bem simples, o que facilita bastante para mantermos a república. E é um modelo necessário, pois o número de idosos cresce em todas as localidades. Já existem repúblicas para estudante, para padres e outros segmentos, mas nada na área espírita. Quando tivermos muitas repúblicas, vamos ver uma forma mais humana de tratar o envelhecimento da população, tal qual Kardec aponta em O Livro dos Espíritos, questão 685ª: “O forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade”.  Há muitos centros ou associações médico-espíritas que conseguirão implementar este serviço sem dificuldades.

Então não é caro o funcionamento da república?

- Não. Temos funcionários de cozinha e limpeza, mas como os idosos também têm sua autonomia, eles ajudam a conservar a casa. Atualmente, com certa quantia já é possível manter os 22 idosos na república. Daí ser fácil e acessível aos centros espíritas fazer este modelo.

Como foi conseguido o imóvel onde hoje é a república?

- Tivemos a sorte de receber essa casa em doação. A dona da casa quis homenagear o pai dela, fazendo um estabelecimento nos moldes de um pensionato. Adaptamos a casa para que cada quarto tivesse um banheiro, além de outras necessidades para o público de mais idade.

E as atividades realizadas para os idosos?

- Há a liberdade de participar ou não das reuniões de Evangelho, sem distinção de religião. Não é requisito ser espírita, mas acaba tendo acesso aos ensinamentos e livros espíritas. Mas caso prefira ir a uma igreja ou templo, o idoso tem toda a liberdade. Há alguns regulamentos como não beber ou fumar nas dependências internas, até para o bem-estar geral.  Também vamos começar cursos de tricô, bordado entre outras atividades que favoreçam a socialização e as capacidades de cada um.

Se precisar de atendimentos, como funciona?

- Pode-se procurar um hospital ou clínica, mas, em casos emergenciais, sempre há pessoas que podem auxiliar tanto no setor jurídico como de saúde. O que é interessante é que este modelo não é oneroso e é fácil de ser replicado nas cidades brasileiras. Um jornal como o alcance deste pode levar esta ideia a outros centros como mais um braço de benemerência aos necessitados.


Para mais informações sobre o modelo de república de idosos, o CEC Dr. Luiz Monteiro de Barros disponibiliza informações pelo telefone (13) 3223-5635 ou pelo site http://www.luizmonteiro.org.br/publico/



Comentário

0 Comentários