Oração: uma autoanálise - Rogério Coelho

Louvar, pedir e agradecer: tais são os desdobramentos da prece

"Toda prece tornar-se-á medicação ineficaz desde que se traduza em litania mecânica, sonolenta, hipnótica, repetitiva, monótona e superficial, trazendo amodorrado o sentimento e constituindo simples ocupação ou inútil emprego de tempo."   -  Schaunard Petain Dubois

Jesus, vezes sem conto, dirigia-Se, em prece, ao Pai Celestial, num colóquio pleno de unção, carinho, respeito e elevado senso de oportunidade...

Sendo a prece um ato de adoração, conforme exposto na questão nº. 659 de "O Livro dos Espíritos”, quando oramos, aproximamo-nos de Deus, estabelecendo, então, o contato com as sublimes e imperecíveis fontes da Espiritualidade Maior.

A prece, consoante informação dos Amigos Espirituais que colaboraram com a Codificação, leva-nos a três situações distintas, desdobrando-se em:  louvor, pedido e agradecimento.

Aprendemos o seguinte em   "O Evangelho   Segundo   o Espiritismo", capítulo vinte e sete, item quatro: "as qualidades da prece estão claramente definidas por Jesus. Quando orardes -  diz Ele  -  não vos coloqueis em evidência, mas orai secretamente. Não afeteis de muito orar, porque não é pela multiplicidade das palavras que sereis atendidos, mas pela sinceridade da prece.  Antes de orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, porque a prece não será agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade.   Orai, enfim, com humildade, como o publicano, (Lc., 18:9 a 14) e não como o fariseu; examinai os vossos defeitos e não as vossas qualidades e se vos comparardes aos outros, procurai o que há de mal em vós”.

Portanto, vemos que somente é agradável a Deus a prece veiculada pelo sentimento, pelo coração.   Sem os ingredientes do fervor, da sinceridade e da vera humildade, a prece não conduz as vibrações encarregadas de acionar   os dispositivos de auxílio, resultando, por fim, inútil.

Aquele cuja prece está impregnada de fervor e confiança fortalece-se contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo.  Esse socorro nunca é recusado, quando solicitado com sinceridade e fé.

Concluímos, então,   com   os   Benfeitores Espirituais[1]:  O mérito da oração não está na beleza das palavras nem na extensão das mesmas, mas, no fato de a transformarmos num estudo de nós mesmos.

Além disso, há que se estar atento para as respostas do Mais Alto, porque, não raro, Deus nos assiste por meios tão naturais que parecem até obra do "acaso" e muitas vezes recebemos pelos canais da intuição a ideia que nos fará sair da dificuldade pelo nosso próprio esforço.

Somente dentro do espírito desses critérios é que podemos compreender a essência da afirmativa Messiânica, registrada no Evangelho escrito por Marcos (11:24): "O que quer que seja que pedirdes na prece, crede que o obtereis, e vos será concedido”.

 


[1] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 660a



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