Conhecimento e maldade - Rogério Coelho

Alguns Espíritos se servem da inteligência para a prática do mal

Um Espírito, superior em inteligência, pode ser mau.  Isso se dá com aquele que muito tem vivido sem se melhorar: apenas sabe. - Allan Kardec[1]

Dizem os Espíritos Superiores1, que o desenvolvimento intelectual não implica a necessidade do Bem, vez que o Bem só acontecerá quando o desenvolvimento intelectual engendrar o desenvolvimento moral, sendo este último sempre caudatário do primeiro.

Afirmam também os Espíritos Amigos[2]: “(...) o progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não se lhe haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal.

O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo podem equilibrar-se.

Quando não são ainda bastante puros, os Espíritos cedem à influência de outros Espíritos ainda mais imperfeitos. O progresso se processa em imperceptível marcha ascendente, mas não se efetua simultaneamente em todos os sentidos.

Durante um período de sua existência o Espírito se adianta em ciência, durante outro, em moralidade”.

Com a coerência e lógica que sempre pautaram suas análises, o Mestre Lionês, ao classificar os Espíritos, coloca os Espíritos de Sabedoria numa classe imediatamente acima da dos Espíritos Sábios, vez que estes se distinguem pela amplitude de conhecimentos enquanto que aqueles se distinguem pela elevação de suas qualidades morais. Vemos, assim, que conhecimento e sabedoria não são a mesma coisa como a princípio poderíamos entender, e para melhor elucidar a questão, atentemos para as palavras de irmão José[3], intitulada:

CONHECER & SABER

 “Segundo o Eclesiastes, o homem que aumenta ciência também aumenta tristeza... Aumenta ciência, não sabedoria; a distinção é fundamental, vez que quem conhece, pode não saber.

Aquele que sabe é aquele que atina com a causa profunda das coisas. O conhecimento pode trazer tristeza, mas a sabedoria é sempre mensageira da alegria.

Porque apenas conhecem, quase todos os filósofos são tristes...

Porque sabia, Sócrates, mesmo diante da morte, era feliz.

O conhecimento permanece restrito à esfera do intelecto; a sabedoria é um passo além... Adentra o campo dos sentimentos. O que conhece, aprendeu, viu por fora; o que sabe, compreendeu, enxergou por dentro.

Para o homem de ciência a vida pode carecer de sentido; para o homem de saber a vida nunca precisa explicar-se...

A alegria de viver é fruto da abençoada árvore da Sabedoria.

Se o conhecimento é a escada da perfeição, a sabedoria é o seu derradeiro degrau!...”


[1] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 751.

[2] - Idem, ibidem, questões 780 e 365.

[3] - BACCELLI, Carlos Antônio.  Passo a passo.



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