A verdadeira acepção de céu e inferno - Rogério Coelho

Céu e Inferno são atmosferas interiores do Espírito

"Céu e Inferno não são pontos geográficos, mas atmosferas interiores do Espírito, em todos os lugares, e que todos fruem de acordo com as suas conquistas ou desvios." - François C. Liran

Revivescência fiel da Doutrina cristã, o Espiritismo leva-nos a reformular arcaicas concepções engendradas pela ignorância e superstições atadas aos ultrapassados dogmas medievais.

Afeita aos raciocínios lineares e superficiais, a humanidade verifica que todo o panorama se modificou após a vinda da Grande Luz nas Terras da Galileia há dois mil anos.

A Doutrina que Jesus trouxe do Mundo Maior não possui raízes na Terra: ergue-se além das fronteiras físicas, no plano das consciências, o que nos deve levar a amparar visão e raciocínio em bases metafísicas, desmaterializando pensamentos e desapegando-nos das efêmeras contingências do terra a terra. Há que se desenvolver grande esforço para alijar o azinhavre secular dos enganos intoxicantes.

Por outro lado, não pode o espírita-cristão, simplesmente substituir as noções de inferno por umbral ou Céu por esferas espirituais, alimentando velhas ilusões e patinando nos gélidos equívocos d`antanho. Faz-se necessário raciocinarmos não em termos de espaço, mas de estados d`Alma: Céu e inferno são atmosferas interiores do Espírito.

Estaremos no Paraíso sempre que recebermos um júbilo inesperado; quando estivermos vivenciando um clima de harmonia, quando estivermos de coração levantado ao clarão da fé, quando, enfim, estivermos em paz...

Estaremos no  Inferno quando  nos  deixarmos sufocar  pela  aluvião de futilidades da  vida  inferior,  quando sofrermos a invasão de vermes simbolizados nos aborrecimentos  de toda  sorte, quando nos atirarem a lama da inveja e do  despeito, quando reboarem as trovoadas da incompreensão, quando os granizos da  maldade  entulharem nossa vida com os  detritos  da  calúnia, quando  sofrermos o frio da indiferença, quando o  escalracho  da ignorância  obnubilar nossa capacidade de raciocinar,  quando  as brumas  das preocupações e a poeira do desencanto toldarem  nosso horizonte e nos situarmos na secura do desentendimento.

Não é sem motivo que Emmanuel esclarece ser[1] "(...) a elevação obra de suor, persistência e sacrifício." E ainda nos aconselha a "(...) não recuarmos diante da luta se o coração puder adiantar-se nos níveis superiores da vida. Há que se movimentar as mãos e erguer os “joelhos desconjuntados”, na certeza de que para a obtenção da melhor parte da vida é preciso servir e marchar incessantemente, conforme observação de Paulo aos hebreus (12:12)."

Lembremo-nos sempre de Jesus, nosso "Modelo e Guia" mais perfeito, que respondeu com devotamento e serviços incessantes às perseguições e ingratidão.

Apartados d`Ele e ancorados no “homem-velho”, permaneceremos - indefinidamente - agrilhoados à cela escura e sufocante do egoísmo e da ignorância...

Abnegação e devotamento, tais a senha para alavancar-nos das sombrias regiões em direção de outros mundos até   à   plena integração de nós mesmos na   Suprema   Luz, emancipando-nos do "inferno" e, finalmente, conquistando o “Céu" em definitivo. 

 


[1] - XAVIER, F. Cândido. Fonte Viva. 10.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1982, cap. 52.



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