União fraternal

O Espiritismo não criou nenhuma moral nova; facilita aos homens a inteligência e a prática da moral do Cristo, dando uma fé sólida e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.

Mas muitos daqueles que creem nos fatos das manifestações não compreendem nem as suas consequências, nem o seu alcance moral, ou, se os compreendem, não os aplicam a si mesmos...

Aquele que pode ser, com razão, qualificado de verdadeiro e sincero espírita, está num grau superior de adiantamento moral; o espírito, que domina mais completamente a matéria, lhe dá uma percepção mais clara do futuro; os princípios da doutrina fazem vibrar nele as fibras que permanecem mudas nos primeiros; numa palavra ele é tocado no coração; também é a sua fé inabalável...

Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações; enquanto que um se compraz em seu horizonte limitado, o outro, que compreende alguma coisa de melhor, se esforça para dele se libertar e sempre o consegue quando tem vontade firme.

As linhas acima foram retiradas d’O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XVII, Os Bons Espíritas.

Ante acontecimentos que estamos observando, mais que nunca é preciso ter o Evangelho como nosso livro de cabeceira, como dizem alguns. Lê-lo todos os dias e meditar. Meditar em como nos tornarmos melhores a cada dia. Como vencer aos nossos defeitos e podermos dizer, com a consciência tranquila pelos esforços realizados, que somos espíritas, sim!

Quando nosso amado irmão, desencarnado há cerca de três anos, impoluto, corretíssimo, buscando entender o sofrimento que o acometia, em face de um câncer de proporção intensa e dos mais agressivos, ele, que nunca havia adoecido e que algum tempo antes havia lido O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis, tinha ficado impressionado com a inteligência do autor e a beleza do livro. Ele, que era engenheiro metalúrgico, poliglota, culto, conhecendo vários países, encantou-se com esse livro. Sua linguagem era a de um cristão em luta pelo bem na Terra. Ainda nos recordamos quando ele disse que não deveríamos descansar até a vitória completa do bem na Terra.

Estando em sofrimento, que é uma situação comum a todos os que estagiamos ainda, neste mundo de provas e expiações, queria saber mais e mais, uma inteligência que despertou, devido à dor, para os fatos da vida espiritual. Queria saber. Interrogava e meditava. Quando no hospital, tinha muito tempo para ler e refletir.

Leu a questão 919 de O Livro dos Espíritos: - Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal? E a resposta dos espíritos a Kardec: “Conhece-te a ti mesmo”. Leu a questão subsequente, 919-a qual o meio de chegar a isso? E a resposta de Santo Agostinho: - Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra; no fim de cada dia, interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim.

Leu O Evangelho segundo o Espiritismo, que lhe demos de presente, um tempo antes. Tinha tempo de meditar. Quando o fomos visitar, no hospital onde estava internado, alguns meses antes de desencarnar, perguntamos se ele estava lendo o Evangelho. Ele respondeu contristado: - Estou. Mas é difícil demais! É difícil demais ser assim como está no livro!

Nós lhe respondemos: - Pode ser difícil sim, mas você já tem muitas das virtudes que se encontram aqui. A vontade é soberana. Podemos conseguir.

Ele desencarnou bem. Uma energia divina encontrava-se presente ali com ele. Mereceu. Está espiritualmente muito bem.

Nesta hora de testemunhos em que nos encontramos, o espírita deve meditar e meditar. Aprimorar-se nas virtudes. Ler sempre o Evangelho e buscar tornar-se melhor. Estamos sendo vistos por nós mesmos. É difícil, como disse nosso irmão querido. Difícil, mas não impossível, como dizem os benfeitores espirituais. É possível quando se tem a vontade firme, quando se deseja melhorar.

A nós, espíritas, muito será pedido, poios temos recebido muito. O conhecimento é uma bênção.

Cabe a nós esse esforço por melhorar a cada dia.

Fazermos do Espiritismo o nosso degrau de subida espiritual.

Sermos fraternos e gentis uns com os outros, fugirmos do egoísmo e do orgulho, da vaidade e do desejo de poder, que muito já nos prejudicaram no passado.

Agora, união entre todos os trabalhadores do Espiritismo, amor fraternal e trabalho no bem.

Difícil, mas não impossível, melhorar a cada dia. Esforço continuado de ascensão. Firmeza e vontade. Que Deus nos abençoe neste propósito, mais um ano!



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