O modelo organizador biológico

O homem é, deste modo, um conjunto de elementos que se ajustam e interpenetram, a fim de condensar-se em uma estrutura biológica, assim formado pelo Espírito — ser eterno, preexistente e sobrevivente ao corpo somático —, o perispírito — também chamado modelo organizador biológico, que é o “princípio intermediário, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o germe, o perisperma e a casca” (*) — e o corpo — que é o envoltório material.

Estes elementos mantêm um inter-relacionamento profundo com os respectivos planos do Universo.

O perispírito, também denominado corpo astral, é constituído de vários tipos de fluidos (energia) ou de matéria hiperfísica, sendo o laço que une o Espírito ao corpo somático.

Multimilenarmente conhecido, atravessou a História sob denominações variadas. Hipócrates, por exemplo, chamava-o Enormon, enquanto Plotino o identificava como Corpo Aéreo ou Ígneo. Tertuliano o indicava como Corpo Vital da Alma, Orígenes como Aura, quiçá inspirados no apóstolo Paulo que o referia como Corpo Espiritual e Corpo Incorruptível. No Vedanta ele aparece como Manontaya-Kosha e no Budismo Esotérico é designado por Kainarupa. Os egípcios diziam-no Ka e o Zend Avesta aponta-o por Baodhas, a Cabala hebraica por Rouach. É o Eidôlon do Tradicionalismo grego, o miago dos latinos, o Khi dos chineses, o Corpo sutil e etéreo de Aristóteles... Confúcio igualmente o identificou, chamando-o Corpo Aeriforme e Leibnitz qualificou-o de Corpo fluídico... As variadas épocas da Humanidade defrontaram-no e por outras denominações ele passou a ser aceito.

De importância máxima no complexo humano, é o moderno modelo organizador biológico, que se encarrega de plasmar no corpo físico as necessidades morais evolutivas, através dos genes e cromossomos, pois que, indestrutível, eteriza-se e se purifica durante os processos reencarnatórios elevados.

Pode-se dizer que ele é o esboço, o modelo, a forma em que se desenvolve o corpo físico. É na sua intimidade energética que se agregam as células, que se modelam os órgãos, proporcionando-lhes o funcionamento. Nele se expressam as manifestações da vida, durante o corpo físico e depois, por facultar o intercâmbio de natureza espiritual. É o condutor da energia que estabelece a duração da vida física, bem como é responsável pela memória das existências passadas que arquiva nas telas sutis do inconsciente atual, facultando lampejos ou recordações esporádicas das existências já vividas.

O filósofo escocês Woodsworth estudando-o, disse que é o mediador plástico “através do qual passa a torrente de matéria fluente que destrói e reconstrói incessantemente o organismo vivo”.

Na sua estrutura de energia se localizam os distúrbios nervosos, que se transferem para o campo biológico e que procedem dos compromissos negativos das reencarnações passadas.

Igualmente ele responde pelas doenças congênitas, em razão das distonias morais que conduz de uma para outra vida. Por isso mesmo, trata-se de um organismo vivo e pulsante, sendo constituído por trilhões de corpos unicelulares rarefeitos, muito sensíveis, que imprimem nas suas intrincadas peças as atividades morais do Espírito, assinalando-as nos órgãos correspondentes quando das futuras reencarnações.

Veículo sutil e organizador, é o encarregado de fixar no organismo os traumas emocionais como as aspirações da beleza, da arte, da cultura, plasmando nos sentimentos as tendências e as possibilidades de realizá-las.

Graças à sua interpenetração nas moléculas que constituem o corpo, exterioriza, através deste, os fenômenos emocionais — carmas —, positivos ou não, que procedem do passado do indivíduo e se impõem como mecanismos necessários à evolução.

Comandado pelo Espírito mediante automatismos nas faixas menos evoluídas da Vida, pode ser dirigido conscientemente, desde que se encontre liberado dos impositivos dos resgates dolorosos, no processo da aprendizagem compulsória.

Quanto mais o homem se espiritualiza, domando as más inclinações e canalizando as forças para as aspirações de enobrecimento e sublimação, mais sutis são as suas possibilidades plasmadoras, dando gênese a corpos sadios, emocional e moralmente, em razão do agente causal estar liberado das aflições e limites purificadores.

O amadurecimento psicológico proporciona ao indivíduo utilizar-se das aquisições morais, mentais e culturais para estimular-lhe os núcleos fomentadores de vida, alterando sempre para melhor a própria estrutura física e psíquica pelo irradiar de energias saudáveis, reconstruindo o organismo e utilizando-o com sabedoria para fruir da paz e da alegria de viver.
 

(*)  O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, 29ª edição da FEB - Nota da Autora espiritual.
 

Do livro O Homem Integral, Nona Parte, cap. 38, de Joanna de Ângelis, psicografado pelo médium Divaldo Franco.



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