Divaldo Franco: A vida plena é viver o amor, é viver com ternura, com compaixão, promovendo vidas

No período de 19 a 22 de setembro, em Mata de São João, Bahia, foi realizada a 22ª edição do Encontro Fraterno com Divaldo Franco, cujo tema foi Em Busca da Vida Plena. O evento ocorreu nas dependências do Hotel Iberostar Praia do Forte, reunindo 652 pessoas provenientes do Distrito Federal, de 25 estados brasileiros e do exterior. Estiveram representados os seguintes países: Áustria, Canadá, Estados Unidos da América, Itália, Paraguai e Uruguai.

Divaldo Franco, anfitrião amabilíssimo, embora tolhido por dores acerbas, recepcionou terna e amorosamente centenas de participantes desejosos de encontrar os caminhos que possam levá-los a construção de uma vida plena.

Planejado, organizado e executado primorosamente pela equipe de eventos da Mansão do Caminho sob a liderança segura e eficiente de Telma Sarraf, vice-presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção, o Encontro Fraterno teve a sua abertura com riquíssimo e empolgante momento artístico, conduzindo o público para a sintonia harmônica e enlevo espiritual.

Divaldo Franco, com os convidados Juan Danilo Rodríguez, Cristiane Lenzi Beira e Simão Pedro de Lima, inovando a condução e a dinâmica, apresentou uma proposta interativa com o público: A vida plena que eu anseio. Fazendo um preâmbulo, Divaldo Franco asseverou que renovar-se, renascer, é entronizar Jesus na alma, visando modificar a estrutura do mundo através da transformação individual. Viabilizando a interação, foi solicitado respostas para três perguntas: Como você se sente agora? O que é a vida plena que você anseia? O que impede você de ter uma vida plena?

Auxiliando a compreensão das perguntas, que também foram feitas para os convidados de Divaldo, Juan Danilo destacou que o que estava sentindo naquele momento era o de alcançar a compreensão de que esta pergunta deveria ser feita a si mesmo todos os dias para determinar as qualidades das emoções físicas e emocionais. Simão Pedro de Lima, respondendo a pergunta: O que anseia para ter uma vida plena? Destacou que é necessário entender a própria vida, discernir entre o viver e o existir, almejando a plenitude. Cristiane Beira, respondendo: O que te impede de ter uma vida plena? Salientou que da mesma forma que se rotula as pessoas, isso determina como ela irá se relacionar com os outros. Por outro lado, a forma como cada um se rotula, determinará, também, como interagirá consigo mesmo.

Divaldo Franco, respondendo as mesmas indagações, disse que, na véspera do evento, se sentia preocupado, ansioso, porém, naquele momento se sentia imensamente plenificado, apesar das dores físicas que sente, exercita-se em controlá-las, controlando o corpo. Qual a vida plena que você anseia? Para Juan Danilo é a oportunidade do trabalho, de fazer algo para servir ao próximo, colaborando, sendo útil de alguma forma. Simão Pedro destacou que também para ele é ser útil, sem perder esse senso de utilidade. Já para Cristiane Beira, a vida plena é possuir menos coisas e mais sentimentos, pois são os sentimentos que plenificam o ser humano interiormente.

A vida plena para Divaldo Franco é ser médium, é dedicar-se integralmente à mediunidade, é entender as bênçãos do sofrimento, da dor, salientando que bem-viver é ser, e viver bem é ter, possuir. Todos os que anelam conquistar o reino dos céus devem viajar para dentro de si, transformando lágrimas de sofrimento em gratidão. Frisou que a mediunidade é um tesouro que deve ser guardado no imo do coração. Amar a vida é o caminho da plenitude.

O que te impede de ter uma vida plena? Juan disse que é o medo do ridículo. Simão Pedro de se mostrar frágil, vaidoso, de expor as carências, receio de se mostrar como de fato é. Para Cristiane Beira os impedimentos são os conflitos, a falta de pureza de coração, as dificuldades de manter uma conexão permanente com Deus. A distonia entre a natureza humana e a divina é, para Divaldo Franco, um impeditivo para a vida plena. Neste ponto, destacou que a educação é a condutora para a plenificação da vida, pois que, idosos e crianças, saudáveis e doentes, carentes e abastados, se encontrarão plenificados, nas condições em que se encontram, ao alcançarem o significado, a compreensão e a resignação, depositando confiança irrestrita em Deus, entendendo a realidade material e a espiritual. A vida plena, asseverou o Embaixador da Paz no Mundo, é viver o amor, é viver com ternura, com compaixão, promovendo vidas, se possível bem-vivendo, trabalhando o diamante bruto, estado em que ainda se encontra, em joia de rara beleza. Deus nos ama através de outras almas.

Ao finalizar o encontro interativo, Divaldo Franco reuniu os participantes na área externa, e tendo as respostas individuais sido recolhidas, propôs incinerar os papéis com as respostas, simbolizando a transformação, a eliminação dos impeditivos para uma vida plena, construindo novos passos rumo à plenitude, animados de esperança, mesmo que seja difícil de viver esperançoso. Ilustrando e destacando que os impeditivos não inviabilizam uma vida plena, Divaldo Franco narrou rapidamente a epopeia que alguns prisioneiros de campos de concentração nazistas experimentaram, sobrevivendo com esperança, mesmo quando tudo parecia tender para o caos, o extermínio psíquico e físico. Alcançar a plenitude, sentir-se bem em qualquer situação ou condição, é ter e manter um alto significado para a vida. Com esperanças renovadas e com novas metas traçadas, e interagindo entre si, cada qual recolheu-se aos seus aposentos, mentalizando as novas proposituras para a construção de uma vida plena, havendo, metaforicamente, destruído os seus impeditivos para uma vida plena.

Segundo dia do Encontro

Na radiosa sexta-feira, 20 de setembro, com clima ameno e corações ávidos de esperança, os encontros e reencontros ensejaram que os laços fraternais fossem estreitados. Em sendo homenageado, o Semeador de Estrelas disse sentir-se tocado, profundamente emocionado, agradecendo as palavras de carinho que Priscila Beira lhe dirigiu. Divaldo, então, compartilhou com o público o seu sentimento de gratidão, de ternura e de amor.

Introduzindo a abordagem do tema: Pessoa vazia, Divaldo Franco se utilizou de uma mensagem, onde uma menina de 14 anos de idade, ao confessar-se com um sacerdote, segredou-lhe o desejo de sair da vida através do suicídio, pois sua vida estava vazia. Ao narrar esse episódio, o padre, tomando de compaixão ao ouvir a confissão auricular, banhou-se em lágrimas, pois que, em um misto de tristeza e de profunda compaixão, se questionava sobre as causas que levam uma adolescente, plena de vida, desejar exterminar a própria vida. Assim, ao comentar a mensagem, Divaldo Franco destacou a situação em que as famílias se encontram na atualidade, onde as conquistas meramente materiais são mais importantes que as de aspectos sentimentais.

Ao discorrer sobre as várias escolas do pensamento humano, antigas e modernas, de todos os matizes, e que levou o homem a fazer experiências, sempre buscando a plenitude, o lúcido orador destacou que o homem sempre anelou conhecer e se conhecer. Orientações materialistas e espiritualistas foram postas em prática na tentativa de estabelecer um significado para a vida. Os padrões do mundo são sensoriais, atendem as relações com o mundo físico, já os padrões de Jesus são os emocionais e visam os aspectos espirituais do homem. O homem, esquecendo-se de Deus, buscou a plenitude meramente nas sensações, esquecendo-se da transcendentalidade, de viver o amor, pois que perdeu o contato com Deus.

A ansiedade, o medo, o transtorno do pânico, conduzem a criatura humana a desenvolver as primeiras nuvens de uma tormenta chamada depressão. A Doutrina Espírita aponta, com muita lucidez, que o maior e incomparável psicoterapeuta é Jesus. Ele não teve medo, nem ansiedade, não experimentou nenhuma perturbação, pelo contrário, disse ser a luz do mundo, amou todos, total e plenamente, mesmo aos que se posicionaram contra Ele.

O Espiritismo veio para extirpar o materialismo, destacando o Espírito imortal, capaz de transformar o seu primitivismo em plenitude, tornando-se livre das peias materiais. À luz do Espírito, somente há uma superioridade, a moral. O vazio existencial é um estado enregelado, aí não há calor humano, o ego dita as condutas. Nesta condição, somente ao tornar-se útil ao seu próximo é que o indivíduo irá preencher-se, dando um significado relevante para a vida. O ego tem medo de ser amado, e o vazio somente é preenchido por doações de amor, preenchendo-se de Deus.

Sobre os suicidas, disse que alguns há que são psicopatas do autoaniquilamento. O suicídio é o grito dos desesperados por vida. Há no planeta um medo coletivo, instaurado pelo terrorismo a partir do 11 de setembro de 2001, no ataque às Torres Gêmeas, em Nova York/EUA. O assassino, asseverou Divaldo Franco, mata na vã tentativa de matar o medo.

Levando o público para uma reflexão, Divaldo propôs algumas perguntas que necessitam de respostas sinceras. - Quem é você? – Por que você está aqui? – Pergunte-se: quem sou eu? – O que estou fazendo aqui? A humanidade somente será feliz quando for possível amar o próximo na mesma intensidade e qualidade do amor de uma mãe pelo seu filho.

Aconselhou a jamais desistir de si mesmo, pois sem você não há vida, estimulando a fazer depósitos de oração e boas ações no banco da providência divina, sacando quando necessário. Invista em si mesmo, reservando alguns minutos do seu dia para preencher o vazio existencial, considerando a transcendentalidade. Faça algo de útil para você, sendo útil ao teu próximo, preencherás, assim, o teu vazio. O Espiritismo, pelas mãos do codificador Allan Kardec, é a filosofia da imortalidade da alma, contendo a mensagem de Jesus que preenche a alma por inteiro, sem deixar vazios. O existencialismo é a máscara do vazio existencial, é o estado enregelado, sem calor humano, atendendo somente ao EGO. Todos devem preencher o vazio existencial tornando-se útil ao próximo.

Juan Danilo Rodríguez, dando seguimento ao tema Vidas vazias, discorreu sobre as ferramentas para preencher o vazio. Sua abordagem foi uma dinâmica interativa com viés muito prático, com fatos concretos e pessoas reais. Em um contexto transformador, é necessário conhecer como é possível agir tal qual Jesus agiu, visando descobrir o processo que o Mestre Nazareno utilizou para alcançar a posição em que Ele está. O Espiritismo é uma filosofia dinâmica e prática, fornecendo as ferramentas ideais para uma vida plena.

A primeira proposta prática foi para que cada um fizesse um desenho de si mesmo, representando-se através desse desenho. Salientou, então, que, comumente, se tem uma visão distorcida de si mesmo. Essa dificuldade para desenhar-se é a mesma para se conhecer, estabelecer seus conceitos, há, também, a incidência dos conflitos, comparando-se com os demais. Destacou que o ser humano quando deixa de comparar-se começa a crescer, desenvolvendo o amor nesse processo de descobrir a vida, superando os conflitos.

Jesus representa o homem integral, sendo assim, Ele empregou, por certo, alguns recursos. Juan Danilo alinhou os seguintes valores: Fraternidade (comunicar-se com o outro com compaixão); Respeito (à individualidade, compreender que cada indivíduo dá o que possui); Tolerância (aceitar, simplificar, não impedir); e Liberação (tomar decisões coerentes e harmoniosas). Para conquistar a condição de ser integral é necessário conhecer e vivenciar esses valores. Na proposta do exercício, cada um deveria centrar o pensamento no valor fraternidade, sentir e identificar onde esse valor se expressou, assinalando no desenho, qual o local em que sentiu o valor fraternidade. Assim foi procedido com os demais valores, sendo que cada um pode ter o seu desenho acrescido pela presença desses valores que se exteriorizaram através de alguma parte do corpo.

Os problemas precisam ser resolvidos de uma forma em que o indivíduo possa superá-los, harmonizando-se, crescendo espiritualmente. Jesus jamais fugiu de um problema. Resolver problemas significa fazer uma reforma dentro de si mesmo para que não se repitam. O ser humano sofre por causas conhecidas, não pelas desconhecidas. Se imagina que as causas são desconhecidas, é porque ainda não as identificou, por medo ou por não utilizar os recursos hábeis para identificá-las, tais como as ferramentas que se encontram no Evangelho de Jesus e que estão contidas no Espiritismo, usando o amor, e não a raiva, para solucionar as situações que se apresentam. Será necessário identificar qual o recurso a ser utilizado para resolver esta ou aquela situação.

Com vários exercícios, utilizando os recursos acima enumerados, Juan Danilo foi conduzindo o público em reflexões judiciosas. Jesus, através da utilização da fraternidade, do respeito, da tolerância e da liberação, conseguiu tocar as criaturas que se deixaram por Ele tocar, ressignificando suas vidas, preenchendo os vazios da vida.

Simão Pedro de Lima abordou o tema: O Evangelho como elemento terapêutico, salientando que o Evangelho deve ser interpretado pelo coração, não pela letra fria, pois que somente o espírito vivifica. Jesus ensinava com propósitos claros. Ele é o modelo e o guia para a Humanidade, isso significa dizer que Ele deve ser copiado e seguido. Para alcançar a felicidade é preciso amar como Jesus ama. Ele é o filho de Deus vivo. Os ensinamentos morais do Cristo são incontroversos, são palavras de vida eterna. O Evangelho do Cristo é o roteiro seguro, infalível, para a conquista da felicidade, pois que retira as criaturas das sombras ao revelar a vida futura.

O Reino de Deus não é imposto, mas aceito pelos homens que já alcançaram alguma lucidez a partir do momento em que Jesus nasceu nesses corações, passando a habitá-lo. Essa interiorização não se dá através de aparências exteriores, mas despertando a consciência que lhe está ínsita. É um processo de relação íntima, uma construção de dentro para fora. A mensagem do Cristo é para que o homem tenha vida em abundância, a vida plena, pautada nos seus ensinamentos e exemplos.

Jesus descortinou a existência de um mundo novo, o da vida abundante, onde o ter e o possuir significam somente o existir, ressaltando que a vida real, absoluta, é o ser, o Espirito imortal, sobrevivente. A vida material é impermanente. A vida no mundo físico é somente um momento, importantíssimo, mas transitório. A vida é muito mais do que isto, transcende a matéria.

O verdadeiro pastor conhece as suas ovelhas, e elas ouvem a sua voz chamando-as para si. Assim é Jesus, o Pastor de todos nós, que conduz o seu rebanho, sendo Ele próprio o caminho, a verdade e a vida. O Incomparável Mestre, antes mesmo que o mundo fosse, já conhecia cada um de seus irmãos em humanidade. Pregava Ele: Eu sou a videira, e o ramo que está ligado na videira não perece. Não temeis a tempestade. Céus e terras passarão, mas não minhas palavras. É a perenidade de seus ensinamentos, que sempre existiram.

A vida é uma sequência de fatos, sempre em movimento, devolvendo tudo o que se dá a ela. Cabe ao ser consciente direcionar a vida, não permitindo que a vida o conduza a seu bel-prazer. As mensagens do Divino Amigo são de libertação, de acolhimento, de estímulos, sendo necessário que cada um abandone o estado de aparências para mostrar-se em essência, refazendo-se, evoluindo a cada situação que se apresenta. Se desejas resultados diferentes, é imperioso mudar as atitudes, buscando primeiro o Reino de Deus, realizando esforços para a concretização da mudança desejada.

Sobre as bem-aventuranças, o lúcido orador destacou que elas contêm, na forma e na ordem em que foram apresentadas uma sequência lógica e necessária, uma hierarquia. A primeira bem-aventurança é base para se alcançar a segunda, e assim por diante. Uma é requisito essencial para a vivência da seguinte, isto é, somente depois de conquistada e consolidada uma das bem-aventuranças é que se pode alcançar a imediatamente superior, em uma escala gradual e ascendente. Cabe a cada ser humano viver a sua própria vida, deixando de viver a dos outros. A vida que cada um possui é o bem mais belo do mundo, tendo o indivíduo o poder de fazê-la como deseja.

Atividades noturnas

No período noturno foram desenvolvidas duas atividades. A primeira com Juan Danilo Rodríguez, trabalhando os elementos limitantes. Selecionando três pessoas do público, Juan Danilo questionou-as sobre qual seria o impedimento para alcançar uma vida plena, o que pode ser oferecido, quais são as virtudes, se é uma boa ou uma má pessoa, quais são as fortalezas íntimas para manifestar o que possui de bom, agregando informações e orientações para encontrar, assim, o caminho para a vida, realizando mudanças, descobrindo o Cristo interno, estabelecendo limites para a tolerância e para a paciência, aceitando auxílio, reencontrando-se consigo, conhecendo-se ao realizar a viagem para dentro de si mesmo. Há muito a ser conquistado, como permitir-se a ficar só, visando descobrir-se, fazer preces verdadeiras, originais, solicitando o amparo com muita honestidade. A Doutrina Espírita precisa ser estudada e vivenciada de forma prática, com dedicação ao estudo contínuo e permanente. Somente a educação pode mudar o Espírito.

A segunda atividade foi conduzida por Divaldo Franco. Em pequena digressão sobre a depressão, a excelência do amor e a busca pela vida plena, o Arauto do Evangelho e da Paz destacou que na raiz de todas as aflições está o Espírito doente. A força que move e sustenta o Universo é o amor e, somente vivendo nele será possível alcançar a plenitude. O amor é a força que vige no Universo. Todos buscam a vida plena, os valores morais, domar as más inclinações, a equalizar o eixo EGO-SELF ao iluminar o EGO. Para tal, será necessário viver o Evangelho de Jesus, a carta de Deus endereçada aos homens. Ato contínuo, Divaldo Franco conduziu os presentes em uma visualização terapêutica dirigida, destacando que essa não é uma atividade espírita, não devendo, portanto, ser praticada nos centros espíritas. Concluída a visualização, todos se recolheram, aproveitando os benefícios desta viagem interior, projetando soluções.

O Encontro Fraterno com Divaldo Franco não se resume ao número de inscritos e expositores. Há uma grande equipe de trabalhadores sustentando a realização do evento em vários setores, que sob a liderança de Telma Sarraf, vice-presidente da Mansão do Caminho, atendem com cuidado, atenção, dedicação e carinho. Além de uma livraria, há setores que disponibilizam diversos materiais para serem comercializados. São doações que geram recursos para as obras sociais da Mansão do Caminho.

Terceiro dia do Encontro

Envolvidos em alegria e confraternizando, os participantes do Encontro Fraterno com Divaldo Franco foram recepcionados na bela e tranquila manhã de sábado, 21 de setembro, com envolvente momento artístico, produzindo harmonia, paz nos corações e aspirações de superação.

O tema proposto foi a angústia. Cristiane Lenzi Beira, psicopedagoga, descreveu essa sensação psicológica, como sendo algo que sufoca, é um aperto no peito, que gera insegurança, ansiedade. Narrando a sua própria experiência, ao experimentar a angústia, Cristiane disse que, como qualquer semente, para germinar, passa por um processo, algumas fases, sendo necessário transitar por um período, fechada em sua cova, para então germinar, brotar, se apresentar, inicialmente débil e exigindo cuidados, até tornar-se o que verdadeiramente é.

O ser humano também experimenta essas fases. A superação da angústia, como na semente, começa no interior, dentro da criatura. A angústia faz parte do crescimento, ela provoca um pouco de solidão, é a oportunidade, o momento de reflexão, para poder identificar-se, isso é natural. Assim, é necessário suportar essas fases naturais do crescimento da criatura humana, evitando, contudo, permanecer estacionado no interior, negando-se a desabrochar, a germinar, sair, por assim dizer, da cova onde estava.

A criatura humana, em sua individualidade, deve ser o que é preciso ser, evitando ser o que os outros pensam. Em cada situação, Deus tem um propósito específico, visando sempre o enriquecimento, melhor se equipando, a criatura, de aspectos emocionais e psicológicos. A angústia é um convite para o autodesenvolvimento, para aproximar-se mais de sua natureza, a espiritual.

Todos os que sentem angústia devem buscar apoio, ajuda, contato humano, envolvendo-se em atividades extras, nobres. A angústia não precisa ser triste, é somente uma oportunidade de crescimento. Como tudo em a natureza, transita em fases duras, difíceis, buscando a plenitude, sabendo que a solução deve ser buscada no interior, dentro de si. Assim como a metamorfose é um processo de crescimento, de transformação e de aperfeiçoamento, o homem também experimenta semelhante processo, pois que, sentir angústia é natural.

A sensação de sentir-se pequeno ante um processo é somente uma interpretação, é um ponto de vista, não é real, é somente uma descrição de como está sentindo, sendo necessário aprender a dulcificar o processo, desenvolvendo a essência. É importante sair do seu ponto de vista egoico, transitando para a frequência cósmica, isto é, deixar de se sentir vítima, olhando-se para si exclusivamente, para começar a compreender que deve mudar o seu padrão de frequência, interagindo com o meio, sentindo-se no contexto, fazendo parte, integrando-se. Há que se realizar um esforço para sair das vibrações baixas, alcançando as altas frequências. Assim como as sementes precisam desabrochar, crescer, evoluir com equilíbrio, contando com qualquer ajuste realizado internamente para produzir resultados positivos, tal é o homem que deve experimentar com lucidez a angústia, compreendendo-a como mecanismo de crescimento, de transformação, atingindo novo patamar.

Um bom método é dialogar com a angústia, olhar para dentro de si com coragem e determinação visando identificar a essência, avançando, sendo resiliente, sem se deixar envolver pela tristeza. Embora esteja aflito, continuar com o dinamismo, empregando a flexibilidade, não sendo resistente, rígido para poder desenvolver-se, transformar-se.

Todos devem aproveitar os acontecimentos, passando por eles, transformando-se, crescendo, fazendo bom uso da angústia, sabendo que o adversário é interno, enfrentando-o através do diálogo sincero e corajoso, fazendo algo por si mesmo, exercendo o autocontrole, realizando reflexões otimista, realizando ações enobrecedoras. Busque apoio se necessário, cuide com mais intensidade de seu coração, sua alma (SELF) e menos de seu umbigo (EGO).

Após uma pausa para a realização da foto de todos os envolvidos no Encontro Fraterno, e que é tradicional, o evento teve continuidade com as abordagens realizadas por Divaldo Franco, o Mensageiro da Paz. Afirmando que a angústia foi muito bem desenhada por Cristiane, ressaltou que há temas que se encontram no campo do sentir, e não do de expor. Se utilizando da mitologia grega, o Arauto do Evangelho conduziu os presentes ao entendimento de que a angústia é a busca, é a insatisfação do que somos, anelando soluções, é um contínuo processo de crescimento espiritual. A angústia é uma emoção que o indivíduo sente ao estar frente a um acontecimento, uma circunstância, ou como consequência de lembranças traumáticas.

Na sua elucidação, Divaldo discorreu sobre as angústias que foram experimentadas pelos libertos dos campos de concentração nazistas, ao final da II Guerra Mundial. Perguntavam-se, os libertados, por que haviam sobrevivido? Por que não haviam morrido, enquanto muitos haviam sido exterminados? Na angústia, os personagens não são reais, são representações criados por ela. Compreendendo que Deus administra o Universo, e Deus sendo amor, tudo o que ocorre é estímulo para o desenvolvimento humano.

A angústia é um estado transitório anunciando a mudança que se avizinha. Na angústia, as sensações se tornam agudas. Neste estado emocional, conforme o grau em que se apresenta, o indivíduo sente que a vida perde o sentido, torna-se vazia, os anseios se ausentam, os prenúncios de acontecimentos futuros vão se avolumando, criando um quadro de expectativa quase que sufocante. Somente pelo amor, através de suas inúmeras manifestações, é possível conquistar a angústia, isto é, compreendendo-a e administrando-a para superá-la.

Divaldo Franco, Professor por excelência, apresentando alguns casos, foi elucidando as ocorrências da angústia, descortinando um panorama amigável, colaborando para o entendimento dessa problemática emocional, utilizando-se, também, de cenas jocosas, desanuviando mentes, asserenando corações, conduzindo ao entendimento de que o ser humano é vida, não é homem nem mulher, é vida, enfatizou. A angústia não é um estado mórbido, mas um processo de amadurecimento da alma, plenificando-a, tanto quando a vida. A criatura humana possui tudo o que necessita, e ao se analisar, inventariando o que tem e o que é, irá perceber que é muito mais do que tem. Derramando bênçãos sobre todos, Divaldo Franco encerrou a atividade declamando o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues. Corações em júbilo saudaram o orador de escol com prolongado aplauso, colocando-se em pé para saudar com reverência o amigo anfitrião.

Atividades da noite

A noite já se fazia presente em Mata de São João, e no interior do Hotel Iberostar Praia do Forte os participantes do Encontro Fraterno com Divaldo Franco se movimentavam, buscando os seus lugares para mais uma excelente oportunidade de riquíssimo aprendizado. Ansiavam por vivenciar mais uma experiência, agregando-a ao patrimônio íntimo, capacitando o Espírito. Começava o momento interativo-terapêutico que recebeu o título: Ansiosa solicitude pela vida – Meus anseios. Logo após o harmonioso momento artístico, Divaldo Franco, Juan Danilo Rodríguez, Cristiane Beira e Simão Pedro de Lima se prepararam para conduzir esse especialíssimo momento, que se constituiu em enlevo, fortes emoções, que sensibilizou intensamente, a começar pela prece, O pai Nosso, proferida no idioma Guarani, pela representante paraguaia Ângela Spran. Foi uma homenagem aos povos selvícolas guaranis do Paraguai e do Brasil.

Divaldo, em gratidão, chamou ao palco todos os integrantes da Diretoria do Centro Espírita Caminho da Redenção, homenageando-os, reconhecendo os serviços que prestam, bem como os esforços que realizam para bem conduzir a instituição. São eles: Demétrio Lisboa, Telma Sarraf, João Neves, Divaldo Franco, Mário Sergio de Almeida, Nilo Calazans – ausente por estar em recuperação da saúde -, e Rose Mussi. A Mansão do Caminho é um dos nove departamentos do Centro Espírita. Divaldo Franco agradeceu publicamente pelos ingentes esforços em construir um mundo melhor. Em reconhecimento, e também homenageando a diretoria, o público dedicou-lhes uma intensa salva de palmas, pondo-se de pé, reverente.

O momento interativo começou a ser preparado no primeiro dia do encontro, quando todos tiveram a oportunidade de escrever, em um pequeno cartão, as suas respostas para a seguinte indagação: Quais os impedimentos para alcançar a vida plena que anseia? Na entrada do salão cada participante recebeu um pequeno envelope onde estava contida, por assim dizer, a resposta da Benfeitora Joanna de Ângelis, pinçada de suas obras, atendendo as indagações de cada um. Representando as demais, foram sorteadas quatro perguntas. Seus formuladores se apresentaram no palco, levando consigo as respostas envelopadas, sendo interpretadas por Juan Danilo, Simão Pedro, Cristiane Beira e Divaldo Franco.

Divaldo Franco e os convidados acima nominados destacaram que cada ser humano é a soma de suas construções mentais, cabendo a cada um identificar se estão edificadas na rocha ou na areia; os processos de ira e de raiva devem ser tratados com serenidade; todo o anelo deve começar hoje, sem diminuir-se, todos possuem capacitação para avançar, centrado no mundo material para alcançar o espiritual; é necessário destruir as velhas construções mentais para poder erigir as novas, sem se deixar influenciar pelas dúvidas; crer em seu melhor, acreditando ser capaz de superar quaisquer obstáculos; a paz é construída na intimidade de cada indivíduo, é uma atitude ante os problemas e os conflitos; sentir-se em paz é estar quites com a consciência e com a vida; o autoconhecimento é fundamental para avançar na direção da eliminação dos impedimentos que obstaculizam uma vida plena; a paz não significa a ausência de conflitos, mas vivenciá-los com serenidade; é necessário o aprofundamento do conhecimento do mundo íntimo para poder identificar qual é, verdadeiramente, o principal fator que precisa ser identificado, especificamente; com o coração plenificado se possui paz para poder superar algumas sombras, trabalhando a sensibilidade;

Iluminar-se com a verdadeira fé, a que é raciocinada, a que dá confiança e certeza, dando atenção para a intuição, agindo com coragem; construir a fé a ponto de repetir as inúmeras manifestações de fé que se encontram no Evangelho de Jesus; é importante identificar qual o melhor caminho, mas, o mais importante é decidir como irá percorrer esse caminho; tranquilidade, paz e confiança são importantes para desenvolver o trabalho que realiza internamente embora se encontre no meio da balbúrdia, isto é a paz interior, sem ela há desespero; as dificuldades são mecanismos para desenvolver a segurança; o perdão mais profundo é para consigo mesmo, ele é o mais importante; compreender qual é a relação, a importância, que o outro tem na sua existência, o que ele significa; não é possível obrigar alguém a gostar de você mesmo; cada um precisa da sua própria aprovação, a aprovação do outro não é importante; o amor não tem correspondência, simplesmente ame, se somos amados é de menor importância; para construir um projeto de vida, trace primeiro as suas linhas gerais, e na segunda fase, a da execução, especifique até chegar na essência, detalhando como fazer; perdoar é saber tolerar as ofensas até tornar-se não ofendível;

Quando fizer algo, faça-o bem, determinando por onde começar; fazer o bem é um exercício, simplesmente comece a fazer; aprende-se a fazer o bem no processo de fazer o bem conforme vai acontecendo; entre em ação já; transformar-se pela renovação dos próprios conceitos; caminhar com os valores da alma; a mudança somente acontece quando se renova a consciência; a Lei Natural é a Lei de Deus; a felicidade é cumprir a Lei Divina; conhecer para poder tornar-se mais capaz, somente assim poderás oferecer as melhores orientações; quem resolve mudar já iniciou o processo de mudança, necessita somente perseverar na mudança; o anseio por uma vida plena se concretizará.

Assim, com essas observações que orientam, cada participante pode se identificar com uma ou outra, ou com muitas delas, planejando eliminar os impedimentos para alcançar uma vida plena, colocando o planejamento em execução. Cumprido o programa, a atividade foi encerrada. Reflexivos os participantes começaram a se recolher, preparando-se para um novo dia que será vivido com a amorosidade divina a envolver cada criatura.

Quarto e último dia do Encontro

As condições climáticas se apresentavam em equilíbrio e suavidade. Assim, também, se encontravam os participantes do Encontro Fraterno com Divaldo Franco – 2019. Todos se preparavam para o encerramento que teve início com a prece proferida pelo Padre Olavo Amaranto, um dos participantes. Nas rodas de conversa, as conquistas individuais, as superações, foram objeto de comentários, ou relatados por inúmeros participantes desta ou das edições anteriores desse encontro de almas em busca do equilíbrio espiritual através do autoconhecimento e do emprego das ferramentas psicológicas colocadas à disposição dos que querem fazer uso delas, atestando a excelência desse trabalho.

Cristo dá vida, nele os cristãos precisam se apoiar. Divaldo Franco solicitou que cada um fizesse a sua análise e avaliação deste período de quatro dias de contato com as máximas do Cristo e que chegaram, e chegam, à humanidade através de emissários e de estudiosos da psique humana, permitindo identificar o que é uma vida plena. O Arauto do Evangelho do Cristo e da Paz, com didatismo impressionante, disse que: 1º. Jamais desista de você! Superar-se a cada momento, a cada fase da vida, renovando-se, sendo resiliente, empregando coragem, vontade e inteligência para se reconstruir ainda melhor, a cada dia, confiando nas reservas de energia que Deus colocou em cada uma de suas criaturas. Não duvide, não desista. 2º. Ame-se! O amor possui mecanismos inimagináveis, todos disponibilizados por Deus através da Lei Divina, permanente e imutável. Tudo o que o homem precisa é aprender a amar. Jesus é a estrela de primeira grandeza que nos ama, e há dois mil anos espera por nós.

Após narrar comovente história, onde a presença e a força do amor restituiu a saúde à pessoa amada, em inegável ação curativa, Divaldo Franco solicitou a Demétrio Lisboa, presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção que dirigisse algumas palavras aos presentes. Demétrio, muito sensibilizado, agradeceu a presença de todos, destacando que identifica e sente Jesus através dos gestos carinhosos e afetuosos de todos os que colaboram com a Mansão do Caminho, dizendo que jamais se sentiu tão bem como neste período em que esteve reunido com irmãos que se solidarizaram para auxiliar através do intercâmbio espiritual e dos recursos financeiros, tão necessários, também.

Divaldo Franco deseja concretizar o plano educacional da Mansão do Caminho, ou seja, receber a criança ainda antes do parto, educá-la em todos os níveis escolares, concluindo seus estudos em Faculdade própria, dando oportunidade ao educando, do parto à faculdade, capacitar-se para o desempenho de uma carreira profissional qualificada.

Telma Sarraf, vice-presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e diretora do setor de eventos, reuniu no palco quase sessenta colaboradores para homenageá-los, destacando o esforço, o destemor e a dedicação que cada um realizou em prol de sua atividade, alcançando um resultado excelente, desde o planejamento, treinamento e execução desse magno evento.

O próximo Encontro Fraterno com Divaldo Franco já está agendado, será no período de 24 a 27 de setembro de 2020. Com gratidão, os participantes homenagearam Divaldo Franco, externando o amor que sentem por ele.

Nota do Autor:

As fotos desta reportagem são de Jorge Moehlecke.



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