Casinha da roça

Olá, galerinha amiga, eu sou Turco.
Essa é minha irmãzinha Lilica.
Essa é minha prima Teca e
Esse, meu primo Telo.

SOMOS O QUARTETO DO BEM!!!!

Eu, Turco, irei contar para vocês algumas de nossas aventuras. Vamos lá.

Estávamos na “casinha da roça”.

É como chamamos a casinha na roça... um lugar simples e gostoso que mamãe, papai, tia Ana e tio Jonas gostam de vir para descansar, embora mamãe Gina diz que acaba trabalhando muitooooo mais, por conta da sujeira da grama.

Bom. Estávamos eu, Telo, Lilica, Teca, Mariana e Pedroca. Estes dois últimos são nossos amigos de muito tempo e tinham vindo passear e passar a noite na “casinha da roça”.

Ouvimos papai Guto e tio Jonas conversando e dizerem que a “casinha da roça” tem mais de 200 anos e que as telhas do telhado foram feitas de barro e moldadas nas coxas dos escravos.

Vimos sobre os escravos na escola e, nossa, muito triste essa história. Disseram também que poderia haver espíritos de escravos por ali.

- Ave Maria!!! Quando ouvimos isso, saímos todos em disparada.

- Deus me livre de ver um espírito, falou Pedroca, bem assustado.

- Ai, Pedroca, “Deus me livre” por quê? Afinal, aprendemos na aula de Evangelização Espírita que somos todos espíritos - disse Lilica, sempre sabida.

- Verdade. Somos todos espíritos, só que estamos, no momento, encarnados na Terra e os outros espíritos, os que não vemos estão ..., como é mesmo a palavra? - perguntou Teca, olhando pra cima para ver se a palavra aparecia no ar.

- Desencarnados - respondeu Mariana, sorrindo.

- Isso, gente. A diferença entre nós e os escravos, caso estivessem por aqui, é que eles não podem ser vistos. Falei tentando também entender.

- E não podem ser vistos, porque não têm o corpo material, como nós - concluiu Lilica.

- Mas podem, sim, estar aqui, porque o corpo morre, mas o espírito é imortal, como o Superman - falou Telo, todo entusiasmado com a comparação.

Bom, depois que chegamos à conclusão de que somos todos espíritos e que espíritos não morrem e, portanto, os espíritos dos escravos poderiam estar ali, na “casinha da roça”, confesso que meu medo aumentou e de todos ali, exceto Lilica, que achava que não havia motivos para ter medo.

Chegou a hora de irmos para a cama. Estávamos tensos.

- E se aparecer um espírito de um escravo do lado da minha cama? - falou Mariana com cara de medo - acho que vou pedir para minha mãe me buscar.

- É tarde, Mariana, esquece. Também pensei em ligar para minha mãe, mas a essa hora não vai rolar, tia Gina e tio Guto não vão deixar, não vão querer incomodar a mamãe - disse Pedroca, meio cabisbaixo.

Hora de dormir. Mamãe Gina e papai Guto deram boa noite a todos. Mamãe, beijoqueira como só, deu beijinhos melecados em todos.

Fizemos a prece e as luzes foram apagadas.

- Lilica, você já dormiu? - perguntou Teca, sem ouvir resposta, pois Lilica pega no sono fácil, fácil.

- Eu ainda não, Teca - respondeu Mariana.

- Eu também não - respondeu Pedroca.

- Eu, então! Não sei o que é dormir, estou alerta que nem coruja. Cadê o sono, cadê? – brincou Telo, tentando descontrair.

- Pessoal, melhor dormimos. Aqui na roça acordamos cedo e, se não dormirmos logo, vamos ficar bem cansados amanhã e aí nossas aventuras já eram.

- Ok.

- Boa noite.

- Boa noite.

- Boa noite.

Era “boa noite” que não acabava mais. Até que o silêncio reinou.

Só se ouviam os grilos e os sapos que faziam uma baita sinfonia lá fora. Parecia até que estavam em festa.

De repente…. Croft, scablum, pla, pla, pla...

- Deus do céu, que barulhão é esse? - disse Pedroca, com os olhos tão arregalados que até nos assustou.

- Vocês ouviram também? - perguntou Telo.

Como não ouvir? Todos acordaram, assustados, menos Lilica, para variar. Como pode ser tão tranquila assim?

- Lilica, Lilica, acorda, criatura. Como pode dormir com esse barulho? - falou Mariana, doida para receber o aconchego da amiga.

- Gente, o que houve? - perguntou Lilica, toda sonolenta. Seus olhos estavam tão grudados de dormir que parecia até gatinho filhote.

- Você não ouviu mesmo, Lilica? - perguntou Teca, inconformada com a tranquilidade de Lilica.

- Ouviu o quê, gente? Claro que não ouvi, eu estava dormindo, é muito tarde já e vocês também deviam dormir - falou Lilica, meio chateada por ter sido acordada.

- Acho que o espírito de algum escravo veio nos assustar - disse Pedroca, com muito medo.

- Ave Maria, tenham dó. Estão com isso ainda? Primeiro, não precisamos ter medo de espíritos, porque todos somos. Segundo, não fizeram a prece? Lembram que mamãe Gina falou que devíamos confiar em Deus, pois Ele sempre protege todos e nos livra de todos os males? - retrucou Lilica, tentando acabar com nosso medo.

Croft, scablum, plá, plá, plá...

- Ai, meu Deus, está ouvindo, Lilica? É desse barulho que a gente estava falando, e vem lá de fora, debaixo da janela deste quarto. Jesus!!!!!! - Teca estava apavorada.

- Estranho o barulho! Mas garanto que não é de espírito. Vamos ver o que é? - disse Lilica, agora desperta e toda corajosa.

- Deus me livre! Cruz, credo! Eu, sair lá fora? De jeito nenhum; depois, vai que eu dou de cara com o espírito de um escravo! - falou Telo, fazendo o sinal da cruz, hábitos da vovó Maricota.

- Senhor! Que povo medroso! Pelo jeito não aprenderam nada que a tia Suzi, da Evangelização Espírita, ensinou, heim!  - falou Lilica, toda dona de si - eu vou abrir a janela e ver o que está causando esse barulho, para todos voltarem a dormir, inclusive eu, que estou morrendo de sono – reforçou Lilica, agora toda decidida.

- Nãoooooooooooo!!! - gritamos em coro.

Lilica abriu a janela.

Apavoramos e começamos uma gritaria só.

- Ahahahahahahahahahahahahahahahahahah, socorrooooooooooooo!!!!

Mamãe Gina e papai Guto vieram rapidão e apavorados, querendo saber o que houve, se alguém tinha se machucado e tudo o mais.

- Estão vendo, bando de medrosos! O que está causando esse barulho é a Olga - falou Lilica, balançando a cabeça, com a mão na cintura.

- A Olga? Não é possível!!!  - disse Teca, agora querendo rir.

Olga é a cachorra que adotamos quando fomos para a “casinha da roça”. É a cachorra da “casinha da roça”. A danada estava tentando derrubar o lixo para fazer aquela bagunça e quase matou todo mundo de susto, exceto, claro, Lilica.

Contamos para mamãe e papai todo o ocorrido. Eles riram muito.

Como estávamos todos acordados e o mistério do barulho tinha sido resolvido, mamãe e papai resolveram fazer chocolate quente para todos, para esquentar a barriguinha e dormirmos tranquilos. Estava uma delícia, hummmmmm!

Voltamos para a cama. Agora, sim, podíamos dormir tranquilos. Ufa! Nada de espíritos de escravos e o melhor, barriguinha aquecida.

Todos deitaram-se e adormeceram. Eu fiquei pensativo. Demorei um pouco para dormir, mas logo o soninho veio e era ronco que não acabava!

A lição que tiramos é que todos somos espíritos criados por Deus para povoar o Universo e Ele, o Criador, concedeu-nos a benção da imortalidade. Nunca iremos morrer e viveremos para sempre. Ah! E não precisamos ter medo uns dos outros, pois todos somos espíritos!

Valeu, amiguinhos, até a próxima!



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